Quase não tem fruta nos sucos de caixinha

Nanda Melonio
02 de Março de 2012

Suco de fruta, suco tropical, néctar de frutas, refresco… Em busca de uma alimentação mais saudável e menos agressiva ao meio ambiente, cada vez mais pessoas procuram ingerir produtos próximos ao natural e sem aditivos, mas procurando manter a praticidade. Mas a maior parte do que parece suco de fruta na prateleira do supermercado é o chamado néctar. O que esses consumidores ignoram é que apesar de atraente o néctar passa longe do verdadeiro suco de fruta.

De acordo com o Decreto 6.871, o suco de fruta integral deve apresentar 100% de suco de fruta em sua composição, sem adição de água e açúcar. A exceção fica por conta das chamadas frutas tropicais, que por sua viscosidade e sabor mais forte precisam ser diluídas. Seus sucos tem a exigência de ao menos 35% de polpa de fruta legítima. Neste grupo, conforme a Instrução Normativa nº 12, encontram-se abacaxi, acerola, cajá, caju, goiaba, graviola, mamão, manga, mangaba, maracujá e pitanga. Pode-se adicionar até 10% de açúcar, de acordo com a quantidade máxima fixada para cada tipo, desde que a embalagem venha especificado com “adoçado” no rótulo.

Já o néctar de frutas é a mistura de água e polpa de frutas com açúcar, além de poder conter ácido cítrico. Os néctares possuem uma porcentagem menor de fruta em sua composição, variando entre 20 e 30%. Além disso, os produtos nacionais ainda não trazem no rótulo o volume de açúcar, que pode variar de acordo com a fruta utilizada: néctar de banana, que é naturalmente doce, leva menos açúcar do que um néctar de tamarindo, por exemplo.

Temos ainda os refrescos (ou bebidas à base de frutas), geralmente apresentados em caixinhas com forte apelo infantil. Seu percentual de concentração de frutas é o menor da categoria: apenas 8%. Em sua composição estão liberados os corantes e aromatizantes artificiais – proibidos tanto nos sucos quanto nos néctares.

Embora seja obrigatório que as bebidas à base de frutas distingam em seus rótulos qual sua categoria, poucos são os consumidores que sabem quais são realmente as diferenças e suas implicações: a maioria chama as bebidas à base de frutas apenas de “suco”. Induzidos pela publicidade e pelo grande destaque das frutas nas ilustrações das embalagens, a maioria tende a acreditar que leva pra casa um produto mais natural e saudável quando muitas vezes o teor de açúcar, carboidratos e aditivos químicos de determinadas bebidas é tão grande quanto o de refrigerantes.

Embora o brasileiro normalmente prefira sucos de fruta preparados na hora do consumo, o mercado de néctares tem se expandido de forma rápida, principalmente nas grandes cidades, não só pela falta de tempo como também pelo preço, que é bem menor em comparação ao suco integral industrializado. No caso do néctar, por exemplo, pela conotação positiva da palavra, tem-se a ideia de que deteria a melhor parte da fruta ou uma concentração maior, quando o que ocorre é justamente uma diluição da polpa e, quanto mais baixa a concentração de fruta na bebida, menor o seu valor nutricional.

O mais saudável é tomar os sucos in natura, mas esse consumo também não substitui os benefícios da fruta. Embora os sucos naturais sejam ricos em vitaminas e minerais, são muito ricos também em frutose, que é tão calórica quanto a sacarose. Claro que um suco de frutas possui menos açúcar que um doce, mas se for ingerido demasiadamente também pode desequilibrar uma alimentação saudável.

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