A alimentação viva é baseada na germinação, que é a fase mais nutritiva da semente. Nela, o valor nutricional dos grãos assemelha-se ao de frutas e verduras e os teores de proteínas, vitaminas e minerais estão elevados. Os brotos disponibilizam ainda uma série de minerais, enzimas, fito-hormônios e antibióticos naturais e funcionam como substâncias alcalinizadoras do organismo. O processo de germinação corresponde a uma espécie de pré-digestão, em que as proteínas são decompostas em aminoácidos, os carboidratos em açúcares e as gorduras em ácidos graxos. Assim, as sementes germinadas são de mais fácil absorção pelo organismo.
Existem relatos de que a germinação de sementes para a alimentação humana já era usada pelos chineses três séculos antes de Cristo, como meio de preservar a saúde. Trigo, centeio, aveia e cevada; leguminosas, como soja, lentilha, grão de bico, feijão e ervilha, além de agrião, rabanete, soja, centeio, abóbora, linhaça, girassol e gergelim podem ser germinados e consumidos em saladas, com frutas, mel, leite, grelhados e em diversos pratos. Sua preparação é simples e requer apenas água, oxigênio e calor.
Como consumir os alimentos vivos
Para inserir a alimentação viva através de brotos fresquinhos e saudáveis em sua casa, não é preciso muita técnica. Nada de fertilizantes e inseticidas, apenas paciência e dedicação. Primeiramente, escolha algumas sementes. Lave-as e coloque-as em um vidro. Elas devem ocupar apenas 1/8 do recipiente. Cubra com água até a boca. No dia seguinte, escorra a água e lave bem as sementes, colocando-as de volta no vidro sem água. Agora, o recipiente deve ficar inclinado em 45°, com uma tela de filó ou algum tecido parecido, presa por elástico na boca do vidro para que o ar entre. Deixe o vidro repousando em um local sombreado e fresco. Três vezes por dia, lave as sementes com bastante água potável, até que elas cheguem à fase de broto. Dependendo da semente, a germinação pode variar de quatro a sete dias. Lave e escorra os brotos quando estiverem prontos para o consumo. Para armazená-los, guarde-os no refrigerador em um recipiente forrado com papel toalha para mantê-los secos e evitar a proliferação de fungos. Você ainda pode fazer farinha com seus grãos germinados. Basta secá-los ao sol, moê-los e coá-los em seguida com auxílio de uma peneira.
Mudando os hábitos
Depois de tantos benefícios, talvez você tenha se interessado por esse novo estilo de alimentação. No entanto, mudar de hábitos pode não ser um processo tão simples. “Sair da rotina é difícil porque temos o costume arraigado na mente e no convívio com os outros que também o usam. É vício mesmo!”, diz Mário Sanchez. O chefe de cozinha, Bruno Fernandes, adepto da alimentação viva há um ano e meio dá a dica: “Se informe, leia, procure conhecer pessoas que já são adeptas. Comece se observando, vendo como seu organismo reage a determinados alimentos. Faça algumas refeições vivas e veja como se sente. Quando você menos perceber já vai estar só no alimento vivo”, aconselha.
O tempo de transição varia de acordo com cada organismo. Pode durar semanas, meses ou anos. Ros’Ellis recomenda, então, que o aspirante à alimentação viva observe as necessidades de seu corpo e, aos poucos, inclua alimentos biogênicos em sua dieta até que eles correspondam a 80% do regime. Ela ressalta a importância de se retirar os alimentos como carne vermelha, bebida alcoólica, alimentos refinados e industrializados, refrigerantes e gorduras hidrogenadas e no lugar, incluir alimentos crus, como frutas, verduras e brotos. “Substitua o leite pelo iogurte natural, o açúcar refinado por mascavo; os cereais refinados por grãos integrais. E inclua ainda sucos de verduras e sementes germinadas”, acrescenta a nutricionista.
Bruno Fernandes ressalta ainda a importância da combinação dos alimentos. “Eu sigo uma pequena combinação de alimentos que o meu organismo se adapta melhor. Não misturo alimentos doces (frutas) com alimentos salgados e nem frutas doces com cítricas. Já sementes germinadas podem ser consumidas tanto em pratos doces como salgados”, conta. E ele garante que os resultados são surpreendentes. “Sou adepto 100% do alimento vivo, o que mudou e ampliou por completo a minha forma de enxergar o mundo e a vida. Devemos ampliar o nosso conceito de alimentação. Ir à praia, caminhar, respirar ar puro, ter pensamentos positivos, relações saudáveis e afetivas, estar sempre em contato com ambientes naturais é fundamental, pois também nos alimentamos desses ambientes. Com a alimentação viva entrei em contato com a natureza e hoje me sinto muito mais bem disposto e tenho hábitos de vida muito mais saudáveis”, finaliza.
Fonte: Bolsa de Mulher