Com base no faturamento de 2013, análises com órgãos de varejo e acompanhamento de grandes redes, estimativas da Orgânics Brasil indicam que o mercado de produtos orgânicos deve crescer em torno de 33,3% neste ano
Com base no faturamento de 2013, análises com órgãos de varejo e acompanhamento de grandes redes, estimativas da Orgânics Brasil indicam que o mercado de produtos orgânicos deve crescer em torno de 33,3% neste ano. De acordo com a entidade, no ano passado o avanço ficou em 22%.Agroecologistas do setor já esperam dobrar a produção no comparativo anual, mas, em nível internacional, País ainda está longe dos principais produtores do mercado externo.
Com 95% da produção nas pequenas e médias propriedades , o setor nacional de orgânicos fechou 2013 com receita de R$ 1,17 bilhão, sendo sete mil produtores em 10 mil propriedades, que somam 1,5 milhão de hectares.
De acordo com o coordenador-executivo da Organics Brasil, Ming Liu, no ano passado o segmento representou um faturamento mundial de US$ 64 bilhões. A principal parcela deste montante corresponde aos Estados Unidos, que faturou US$ 35 bilhões no período, seguido pela Alemanha, com US$ 7 bilhões, e Canadá, com US$ 4,4 bilhões.
“O Brasil ainda tem muito para crescer, mas o setor só ganhou espaço em nível mundial devido à mudança de comportamento dos consumidores, o que, consequentemente, abriu espaço para maior produção”, avalia Liu.
Para atingir a estimativa de 33,3% de aumento no mercado nacional, o coordenador afirma que acompanhou dados de entidades de varejo, como Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e Associação Paulista de Supermercados (Apas), além do contato com redes como Carrefour, Wall Mart e Grupo Pão de Açúcar. “Este último foi o único que abriu o crescimento das vendas de orgânicos em 2013, uma alta de 40%. Nas três redes, o setor responde por cerca de 2,2% do faturamento geral “, diz.
O produtor de tomates e amoras agroecológica – da Serra da Mantiqueira, em São Paulo – e vice-presidente da Associação de Agricultura Orgânica (AAO), José Bacite, compartilha da opinião da Organics Brasil na projeção de crescimento nacional e vai mais além. “Tivemos uma produção média de R$ 70 mil mensais em 2013. Neste ano estimamos um avanço de 50%”, avalia.
Mesmo com os problemas de estiagem no interior paulista, Bacite conta que suas expectativas de dobrar a produção têm se mantido. “Continuo a apostar no mercado porque o produto encareceu”, explica.
Políticas públicas
O coordenador da Organics Brasil afirma que uma das principais dificuldades é a coleta de dados para mensuração do mercado, visto que as informações sobre área certificada para plantio de orgânicos, por exemplo, estão desatualizadas desde 2007 no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Ranqueavam o Brasil junto a outros países pela área certificada – o que não significa que aquele espaço esteja efetivamente sendo utilizado – mas pararam de contabilizar para o implemento do Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção. Desde então, pedimos estatísticas para o Ministério, mas eles alegam dificuldade na compilação de dados das certificadoras”, enfatiza Liu.
Segundo o presidente da AAO, Guaraci Diniz Junior, a associação trabalha no fomento à produção orgânica, justamente por pouco apoio governamental.
“A entidade trabalha em parceria com produtores, consumidores e simpatizantes do setor, a fim de aumentar a demanda, que, de fato, têm crescido nos últimos tempos”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio